À conversa com André Vieira

Nos dias 6,7 e 8 de Maio decorre o II Encontro de Clarinetistas - Cinfães 22. Aproveitamos esta ocasião para conversar com o diretor artístico, o Prof. André Vieira. Falamos do concurso, da carreira do prof. André Vieira, sobre a música, e claro, sobre o clarinete.

Yamaha: Estamos a poucos dias do II Encontro de clarinetistas- Cinfães 2022 como descreve este evento?
André Vieira: Em primeiro lugar, como mentor do EC agradeço, em nome da organização, o destaque e a colaboração da Yamaha na concretização deste projeto. O Encontro de Clarinetistas teve a sua primeira edição em 2014. Naquela altura, a Academia d’Artes de Cinfães, instituição que acolhe e organiza o EC, encontrava-se no seu primeiro ano de atividade e vivia os desafios pedagógicos inerentes a este facto. Decorrente deste contexto, o que se pretendeu com a primeira edição do EC foi trazer para a AAC (Academia d’Artes de Cinfães) a realidade musical e clarinetística vivida noutras escolas com a vinda de professores, músicos e alunos das mesmas, partilhando saberes e experiências que pudessem influenciar positivamente os participantes. A primeira edição do Encontro de Clarinetistas foi considerada um sucesso por todos, não só pela excelência dos orientadores e boa organização, mas principalmente pelo nível de interação dos participantes e bom ambiente que se gerou durante a sua realização. Neste sentido, imbuídos deste “ADN” que a primeira edição reclamou, a segunda edição do EC assenta em dois pilares essenciais, as relações humanas e o clarinete. É devido a esta premissa que a nossa programação assenta, não só, mas essencialmente em atividades musicais de grupo ligadas a momentos de aprendizagem, mas também de lazer. Além destas atividades temos ainda recitais com performers de excelência, masterclasse, tertúlias, exposições e algumas surpresas que ficam guardadas para os participantes.

Yamaha: Apesar dos constrangimentos originados ainda pela pandemia, foi possível realizar o evento e reunir um número considerável de participantes. A que atribui este sucesso?
André Vieira: Encontrando-nos ainda com inscrições abertas até ao dia 30 de abril, restando já poucas vagas por ocupar, estamos bastante satisfeitos com a mobilização que o EC está a gerar. Penso que essa mobilização é fruto de vários fatores. A Academia d’Artes de Cinfães tem um papel fundamental como organizador e promotor em todos os seus intervenientes, professores, alunos e funcionários. Além disso, o facto de haver uma comunidade clarinetística de relevo proveniente das bandas filarmónicas da região. E ainda pelo facto de o EC ter uma identidade própria assente nas relações humanas, onde qualquer pessoa, independentemente da sua habilidade com o instrumento e do seu contexto musical é encorajado a participar.

Yamaha: Como descreve a nova geração de clarinetistas? Temos o futuro assegurado?
André Vieira: Sem dúvida. Há muito tempo que nos habituamos a um nível de excelência dos clarinetistas Portugueses, e na minha opinião, as novas gerações acompanham esta tendência. Os jovens clarinetistas que ingressam nas escolas superiores estão cada vez mais maduros, mais atentos a tudo o que os rodeia e expressam-se musicalmente com um nível de detalhe que anteriormente se obtinha com a experiência no mercado de trabalho.

Yamaha: Qual o conselho que daria aos jovens que se querem iniciar na música?
André Vieira: Que sejam perseverantes, que consumam muita música, e que perante os desafios que a aprendizagem de um instrumento musical nos coloca, não deixem de ver o lado “solar” da música.

Yamaha: Falando de clarinetes, conhece os clarinetes Custom da Yamaha?
André Vieira: Sei que são os clarinetes da gama alta da Yamaha e o feedback que tenho dos meus pares que os usam é que são muito consistentes, com boas relações de afinação e timbricamente bastante homogéneos.

Yamaha: No que respeita à aprendizagem, motivação e evolução dos jovens estudantes, que importância atribui à qualidade do clarinete que têm disponível para estudar?
André Vieira: O sucesso do processo de ensino-aprendizagem é produto de uma multiplicidade de fatores que o condicionam. Entre eles, a qualidade do instrumento, que se afigura como um fator potenciador deste sucesso. Como professor, entendo que o instrumento deve ser um elemento facilitador da performance dos alunos. Quando isso não se verifica, os alunos tendem a criar estratégias para debelar as dificuldades causadas pelo instrumento, que muitas vezes resultam em comportamentos que mais tarde vão condicionar negativamente a sua performance. Além disso, quando o aluno se apercebe que não tem as condições ótimas para a performance e sente impotência perante essa situação, geralmente isso gera desconforto e desmotivação

Yamaha: Gostaria de deixar alguma mensagem final?
André Vieira: Como já foi referido anteriormente o Encontro de Clarinetistas- Cinfães 2022 encontra-se ainda em fase de inscrições abertas até dia 31 de Abril. Gostaria de deixar a mensagem de que este é um evento que não é exclusivo para estudantes de clarinete. Por um preço simbólico, qualquer entusiasta do clarinete será bem-vindo e bem recebido em Cinfães de 6 a 8 de Maio.

ANDRÉ VIEIRA

Teve o primeiro contacto com o instrumento aos seis anos de idade com o seu pai, e pouco depois iniciou a sua formação na Academia de Música de Castelo de Paiva, na classe do prof. Víctor Pereira, na qual concluiu o Ensino Complementar de Música. Obteve a licenciatura em Música (performance em clarinete), com a classificação de 18 valores, e mais tarde o Mestrado em Ensino de Música com a mesma classificação. Paralelamente, desenvolveu investigação na área da pedagogia do instrumento e da psicologia, mais concretamente na área da motivação. Realizou Masterclasses com clarinetistas de renome nacional e internacional, dos quais se destacam François Benda, Harri Maki, Charles Neidich, Tibor Reman, Ronald Van Spaendonck, António Saiote, Michel Lethiec e Alessandro Carbonare. Em 2008 colaborou como clarinetista principal no musical “Um violino no telhado”, produzido por Philipe La Feria.

Foi laureado com o 1º prémio nas olimpíadas musicais da AMCP. Colaborou com várias orquestras das quais se destacam a Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra de Câmara do Minho, Orquestra de jovens de Sta. Maria da Feira, Orquestra de sopros do Instituto Piaget- Viseu e Orquestra Filarmonia de Vermoim. Em 2014 ganhou o lugar de concertino no projeto Orquestra de Sopros Portuguesa, o qual ocupou até ao encerramento da mesma. Foi, desde 2014, clarinetista residente da orquestra de câmara do instituto profissional da voz e da comunicação- Vocare, sediada na cidade do Porto.

Atualmente, leciona as disciplinas de clarinete e música de câmara na Academia d'Artes de Cinfães e Curso profissional de Música da Escola Dr. Flávio Pinto Resende e apresenta-se frequentemente em concerto, quer como solista, quer integrado em grupos de música de câmara.

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