Jeroen Berwaerts @ BBC Proms 2019

No dia 25 de Julho, Jeroen Berwaerts toca com a BBC National Orchestra Wales no famoso BBC Proms para interpretar: “Nigredo: Dark Night of the Soul” do compositor Tobias Boström’s, acompanhado em palco pelo também trompetista Håkan Hardenberger. Aproveitamos esta oportunidade para conversar com o Jeroen Berwaerts sobre o festival BBC Proms.

Para um músico, o BBC Proms tem um lugar muito especial no coração. Considerado um dos maiores festivais do mundo de música clássica, proporcionou ao longo dos anos, momentos verdadeiramente inesquecíveis com artistas de exceção.

“Já toquei várias vezes em orquestra no BBC Proms e é verdadeiramente especial, acredito que é um dos poucos festivais em todo o mundo em a magia acontece mesmo antes de subir ao palco. O que considero único mesmo, é a proximidade do publico mesmo quando tocamos em salas enormes.”

A obra “Nigredo: Dark Night of the Soul” do compositor Tobias Boström’s é relativamente recente, teve estreia apenas em março deste ano. É uma mais valia e demonstra toda a versatilidade de Jeroen Berwaerts ao trompete.

“Quando estudamos as partituras de uma nova obra temos pouca margem de manobra, uma vez que se trata do nosso mapa, plano de trabalho... o nosso guião.”

“Em março tocamos pela primeira vez a obra “Nigredo: Dark Night of the Soul” do compositor Tobias Boström’s num concerto na Suécia, posso dizer que a escrita é de uma natureza melódica cheia de tensão e cores, que é exatamente como eu descreveria o som de trompete. Um instrumento musical com uma vasta gama de dinâmicas e em termos de caracter, posso ter uma abordagem suave, doce e delicada, mas pode também ser agressiva, sempre que for necessário.

É um orgulho poder tocar com o Hakan Hardenberger, que admiro muito. Costumava praticar com o CD dele. Conhecemo-nos há 3 anos na Suécia, onde eu toquei um recital que incluía “Mysteries of the Macabre’ do compositor Ligeti e ele estava a ouvir, não podem imaginar o que eu senti.

Se eu pudesse resumir a minha profissão em poucas palavras, diria que é um processo constante de aprendizagem e aperfeiçoamento. Trabalhar com o Hakan é um novo nível, é um sonho tornado realidade.”

O trompete é o elemento fundamental pela devoção do Jeroen como instrumentista, torna-se evidente que o repertório é o que impulsiona essa paixão.

“A versatilidade é muito importante para mim, sempre acreditei que a variedade é o tempero da vida”. Eu não consigo fazer apenas uma coisa, preciso desta variedade para mantê-la interessante. Um mês perfeito para mim seria um novo concerto de trompete, alguns concertos com Jacques Brel Chansons e uma discussão com os meus alunos sobre as “10 regras para alunos e professores” do John Cage. E incluía ainda no final a quinta de Mahler. Não gosto de fronteiras, nem físicas nem nas nossas mentes. Sentimos sempre a necessidade de fazer parte de um grupo. Ou gostas de música clássica ou gostas de jazz, ou isto ou aquilo. Eu simplesmente amo e vivo música.”