Série CX
Entrevista com o responsável de desenvolvimento
O objetivo da série CX: Um som brilhante que canta
Nós tínhamos três objetivos quando desenhámos a nova série CX; um suporte sólido para estrutura, um tampo harmónico que vibre da forma mais livre possível, e um timbre que reproduza de forma perfeita a direção do som que sai o corpo do instrumento. Esta direccionalidade é fundamentalmente a mesma que temos no piano topo de gama de concerto Yamaha CFX; de facto até podemos afirmar que foram ambos desenvolvidos com base no mesmo conceito.
Para o C3X e modelos superiores – modelos maiores que já exigem um determinado nível de volume – nós melhorámos a rigidez do barramento para proporcionar um suporte estável, e desenhamos o instrumento para permitir que o tampo harmónico fique alojado em cima do barramento de forma a vibrar livremente. Para o som, utilizámos um novo tipo de corda, e testamos de forma minuciosa a qualidade do feltro dos martelos.
O nosso objetivo era conseguir um som que “cantasse” e que fosse brilhante. Um aspeto único da série CX é o foco que aplicámos nas áreas que são vitais para um piano, tais como a construção do tampo harmónico, o timbre que este gera, e o exterior do instrumento. De todas as alterações na gama de pianos que foram levadas a cabo nas últimas duas décadas, esta série CX representa a maior e mais alargada evolução, e, como resultado disso mesmo, a musicalidade destes pianos foi significativamente melhorada.
Queríamos construir um tampo harmónico que cantasse para além de produzir som
Tal e qual como aconteceu na série CF, a nossa pesquisa focou-se em controlar as tensões internas na zona do tampo harmónico, e fomos capazes de produzir avanços significativos. O som resultante oferece uma resposta rápida, um timbre brilhante e harmonias puras. Acreditamos que, melhorar a resposta do tampo harmónico, isto é, melhorar a eficiência da radiação acústica, tira o melhor aproveitamento do piano e oferece uma maior capacidade de expressão.
Basicamente, queremos fornecer instrumentos que querem “cantar”, instrumentos que querem soar logo à partida. Mais do que instrumentos em que se tem de trabalhar um pouco para conseguir chegar ao som pretendido, nós queríamos fabricar pianos com um tampo harmónico e um corpo que quisessem cantar logo à partida, produzir som. Nesse sentido, este tampo harmónico, com a sua nova estrutura, responde muito bem a qualquer solicitação e acreditamos que é capaz de uma resposta com um muito maior nível de expressão.
Cordas capazes de oferecer harmonias puras; o feltro dos martelos com um timbre rico.
De seguida, tivemos que decidir que timbre iríamos dar a este corpo "cantante" e a este tampo harmónico com a sua resposta soberba. Dois dos principais fatores deste som eram as cordas e os martelos. Para esta série, selecionámos cordas com sobretons bonitos e harmonias puras, um bom sustain e um timbre que o transporta. Obtivemos folhas de feltro, às quais nos referimos como "tecido em bruto", e confecionámos os martelos de piano na Yamaha. O feltro usado na Série CX é verificado com cuidado e é extremamente resistente, dando-lhe um timbre cheio e profundo. A combinação destas cordas com o feltro dos martelos aumentou ainda mais a exclusividade dos pianos da Série CX.
Os designers estão sempre motivados pelo desejo de construir um instrumento ainda melhor.
Um piano é um sistema extremamente complexo construído por um elevado número de peças. Ainda para mais, o som do piano é significativamente afetado por variações no timbre, pelos materiais naturais com que é construído, e pelas condições em que é tocado – até o tempo chuvoso pode alterar a forma como o piano soa. O som do piano também vai depender de quem o afina. Quando se desenha um instrumento tão delicado como o piano, que pode ser afetado por tantas variáveis, a principal preocupação é minimizar o efeito de fatores como o ambiente. É portanto fulcral entender como abordar estes fatores, assim como possuir a arte e tecnologias de produção que permitem criar instrumentos que não variam perante estas situações.
Também é importante avaliar os pianos corretamente durante o processo de desenvolvimento. Isso não é algo que façamos nós mesmos; em vez disso, pianistas de primeira linha experimentam os pianos e dão-nos as suas opiniões. Isso às vezes revela aspetos dos quais nós, como responsáveis de desenvolvimento, não tínhamos conhecimento, e por isso é importante enfatizar a importância dessas informações. Cometer até mesmo um único erro neste processo pode às vezes resultar num piano com muitos pontos positivos a receber uma avaliação negativa. Para manter a margem de erro minimizada, penso que é importante ter a capacidade técnica para obter o mesmo resultado de um processo de produção - não importa quantas vezes seja realizado - para obter um resultado positivo e avaliação precisa desses pontos positivos.
No entanto, não acho que algum designer possa dizer que um instrumento é perfeito e que está completamente satisfeito. "Os instrumentos existem no contexto da expressão musical e a música em si não tem limites. Se pensar em todas as diferentes variações da música, é quase impossível para um único instrumento ser "o melhor". Mesmo agora, muitas vezes dou por mim a pensar, "hmmm ... se eu tivesse colocado as coisas desta maneira, este instrumento poderia ter ficado fantástico", ou, “se eu pudesse encontrar uma maneira de o instrumento ajudar a performance com este tipo de detalhes, seria mais expressivo musicalmente.” À medida que desenvolvemos estes pianos, nós designers temos sempre a imagem de um instrumento muito, muito melhor; provavelmente não haverá fim para nosso esforço de alcançar mais e melhor.
Yutaka Matsuki
Manager da Departamento de Design de Pianos.
Entrou para a Yamaha em 1992. Depois de começar a trabalhar na Yamaha, Matsuki teve a seu cargo a tarefa de desenvolver pianos verticais e envolveu-se na criação do SU7 e outros instrumentos. Depois de ganhar experiência adicional no desenvolvimento de pianos de cauda, foi convidado a trabalhar no desenvolvimento da série CF, lançada em 2010.
Atualmente, Matsuki está envolvido no desenvolvimento das áreas principais que dão aos pianos acústicos as suas características fundamentais de desempenho.