Entrevista especial da YEV PRO com o violinista Naoto Sakiya e o produtor Daisuke Asakura

O violinista Naoto Sakiya e o produtor musical/compositor Daisuke Asakura aparecem num vídeo promocional do recentemente lançado YEV PRO da Yamaha, um violino elétrico lançado em 2024. Sakiya tem estado ativo no centro do mundo da música clássica com as suas performances altamente refinadas, e Asakura continua na vanguarda da música de sintetizadores. O vídeo colaborativo deles foi lançado, mostrando os seus talentos eletrizantes e as suas sensibilidades musicais num arranjo de música clássica. Pedimos aos dois músicos que falassem sobre o que se passou nos bastidores durante a produção do vídeo, bem como sobre a música de cada um e o YEV PRO.
– Entendo que, embora seja a primeira vez que se conheceram e que colaboraram, neste projeto, tu, Sakiya, és um grande fã do trabalho de Asakura há muito tempo.
Sakiya: É verdade. De facto, tenho ouvido tanto o trabalho de Asakura que, quando me perguntam quais são as músicas que mais ouvi na minha vida, digo: "A música de Daisuke Asakura". Embora ouça e toque música clássica no meu trabalho, passo as horas vagas a ouvir mais a obra de Asakura do que de Beethoven. É por isso que, para mim, esta colaboração é realmente um sonho tornado realidade.
Asakura: Quando conheci o Naoto Sakiya e conversei com ele, descobri que ele sabia muito sobre as minhas músicas e que até tinha ido aos meus concertos. Isso deixou-me muito feliz, mas ao mesmo tempo, deixou-me um pouco tenso, pois queria corresponder às expetativas dele!

– Este projeto apresentou música clássica tocada em violino elétrico e por uma orquestra sintetizada. Então, Asakura, o que achaste deste arranjo de música clássica?
Asakura: Normalmente, não me preocupo com géneros musicais, por isso não há nada de especial a dizer sobre o arranjo só por ser música clássica. O que me inspirou foi quando conheci o Sakiya. Ele estava a tocar o YEV PRO e fez-me uma apresentação de cerca de uma hora sobre o instrumento e a peça. O Sakiya tocou e apresentou a música de uma forma que eu entendi como música clássica, mas deu-me liberdade para tocar da forma que eu gostava. Isso deu-me confiança e deixou-me tranquilo em relação ao projeto.
Sakiya: Eu tinha o som da música de Asakura na minha mente e isso motivou-me a pedir humildemente a ajuda dele. O ritmo do tipo salsa que está no trecho “Inverno” que tocámos de “As Quatro Estações” era na verdade de uma das peças de Asakura. Sempre quis tocar a música arranjada desta forma.
Asakura: Às vezes, ele dizia: "Conheces aquela música que faz lembrar salsa?" e eu pensava: “Ah, este tipo sabe tudo o que eu fiz!” (risos).
– O que é que pensas do apelo e do potencial do YEV PRO enquanto instrumento musical?
Asakura: Quando ouvi o Sakiya a tocar o YEV PRO pela primeira vez, não consegui associar o aspeto do instrumento ao som que estava a ouvir. Sempre soube que os violinos produziam som através da ressonância do seu corpo de madeira, mas fiquei simplesmente impressionado quando ouvi os belos sons de violino provenientes deste instrumento estiloso que parecia apenas a estrutura de um violino.
Sakiya: O que me surpreendeu foi ter conseguido tirar o meu próprio som do instrumento na primeira vez que o toquei, sem utilizar qualquer efeito. Embora o YEV PRO seja um instrumento musical elétrico, a personalidade do músico transparece neste instrumento tanto como num violino acústico.

Asakura: É por isso que tive o cuidado de não exagerar na produção. Atualmente, pode-se cortar, colar e fazer um loop até ao nível da forma de onda para fazer todo o processamento que se desejar com qualquer som. O que acho que queríamos dizer neste caso é que há uma pessoa real a tocar violino, mas que o violino elétrico transforma o som.
– Neste vídeo, tanto o som como a expressão da performance de Sakiya mudam juntamente com o motivo, de Bach para Vivaldi e Monti, e isso transmite as possibilidades sonoras do YEV PRO.
Asakura: Sakiya tocou considerando o caráter dos diferentes motivos musicais. Por vezes, parecia um violinista que se virava para o lado negro, e outras vezes parecia um alegre violinista tropical. Penso que ele tocou o instrumento como se fosse um grande ator. Pode ficar-se com a sensação de que se trata de uma história quando se vê o vídeo, algo que achei ótimo.
Sakiya: A prestação de Asakura pareceu boa no final. Yu Jidaisho realizou este vídeo. Como ele é contrabaixista, tem a sensibilidade de um músico e consegue captar o que se passa com a nossa música, retratando isso no vídeo.
– Ao ouvir-vos aos dois a conversar, tenho a sensação de que se compreendem e que respeitam a música um do outro, e que esta foi uma colaboração a um nível profundo. Dá ideia que as vossas visões para este trabalho combinaram perfeitamente.
Asakura: Também estou grato por isso. Embora seja fácil falar sobre a nossa "visão" para a peça, e ambos tínhamos as nossas próprias ideias a passar-nos pela cabeça, foi uma tarefa incrível colocá-las na forma musical.
Sakiya: Eu também senti isso. Não percebo muito de sintetizadores, mas levei horas a tentar combinar vários sons para criar um único efeito brilhante, por exemplo. É o mesmo que nós, violinistas, costumamos fazer quando praticamos para nos aproximarmos o mais possível do som que queremos, tanto com o nosso corpo como com os sentidos que colocamos nele.

– É interessante. Parece que ambos ganharam muito com esta colaboração.
Asakura: Atualmente, quando faço música, penso nos aspetos que a IA nunca conseguiria gerar. Quando penso desta forma, praticamente não existem dados de treino da IA atualmente que possam cobrir este tipo de abordagem colaborativa, pelo que sinto que encontrámos um caminho específico para o nosso trabalho futuro.
Sakiya: Para mim, foi uma grande oportunidade poder ver de perto a forma como Asakura cria música e como está na vanguarda da tecnologia digital, mas não deixando que a tecnologia o controle. Isso fez-me perceber novamente que fazer música é um esforço muito humano.
– Estamos ansiosos pelos vossos futuros projetos musicais!