Artist Insights com Eirik Gjerdevk

O papel da tuba em Mi bemol numa banda e dicas e sugestões quanto à prática deste instrumento

Caros colegas tubistas!

Espero que tenham tido oportunidade de praticar durante estes tempos difíceis. Nesta clínica, gostaria que atentassem no efeito que a nossa forma de tocar tem na nossa banda.

Se tocamos habitualmente apenas com uma tuba, vamos tentar também tocar com uma tuba diferente. O ideal é termos um instrumento 'grande' - em Dó ou em Si bemol - e um mais pequeno - em Fá ou Mi bemol. Pessoalmente, faço sempre os meus aquecimentos e exercícios diários na tuba grande, por ser o instrumento mais difícil e que exige o máximo do músico. Vamos utilizar a app de treino TotalEnergy, e vamo-nos concentrar na sonoridade e no ataque dos registos médios / graves. O desafio consiste em desenvolver duas 'personalidades' diferentes na tuba.

1) Tuba grande. Som sólido, poderoso e faz um ótimo trabalho de equipa.

2) Tuba pequena. Vamos ser solistas, tocar com grande beleza e assumir a liderança.

Muito importante, o maestro precisa do nosso cérebro, não da nossa tuba.

Por quê utilizar tubas diferentes em bandas filarmónicas e brass bands?

O papel mais importante do naipe de tubas é constituir uma base sonora sólida para a banda. As grandes tubas em Si bemol produzem um som rico e escuro, mas muitas vezes é difícil distinguir detalhes como a afinação e a forma como atacam as notas. Nas mãos certas, as tubas em Si bemol mais pequenas tornam as coisas muito mais claras.

No estilo britânico de brass bands, compositores como Ball, Sparke, Gregson e Wilby, entre outros, destacam-se pela forma como usam duas tubas diferentes, normalmente utilizando a tuba em Si bemol como som de base, e uma em Mi bemol uma oitava acima para articular claramente a linha de graves. Quando esses mesmos compositores escrevem para uma banda filarmónica, a oitava mais alta é geralmente excluída.

Como amador, toquei ao mais alto nível em brass bands, mas como músico profissional toquei principalmente em bandas e orquestras de sopro. E tentei sempre fazer uma 'versão de brass band' nas partes de tuba em peças para banda e/ou orquestra como 'Resurgam', 'The year of the Dragon' e 'Montage' entre outras. Porquê? Porque a sonoridade é mais nítida e forte.

O caráter das diferentes tubas - o que a banda pensa.

Tuba em Fá - Um ótimo instrumento para solos, mas sem potência na gama média / baixa. Problemas com a afinação da banda - ótima numa orquestra sinfónica.

Tuba em Mi bemol - Altamente versátil com bom som em toda a gama. Muito flexível em termos de som e ataque.

Tuba em Dó - A tuba ideal se tiver apenas um ou dois instrumentistas. Um som potente nas mãos certas.

Tuba em Si bemol - Uma verdadeira tuba contrabaixo - som escuro e muito potente. As únicas desvantagens são a falta de nitidez no ataque e nos registos altos.

Os diferentes papéis da tuba grande e pequena

As tubas maiores (Dó e Si bemol) devem produzir um som envolvente e forte com uma sonoridade muito rica. As tubas pequenas (em Fá mas sobretudo em Mi bemol) devem concentrar-se em trazer elegância e fluidez para o grupo, em vez de tentarem produzir uma grande sonoridade.

Abordagens pessoais específicas para tocar as diferentes tubas

Como maestro, procuro sempre "personalidades" diferentes para o naipe de Tubas.

1. A tuba em Mi bemol (sobretudo numa brass band) tem de ter, tanto quanto possível, a função de solista em termos de som e personalidade tal como um bombardino a solo.

2. A tuba em Mi bemol deve ser o elo de ligação com tubas maiores (Si bemol), em termos de sonoridade.

3. Para mim, as tubas em Si bemol são melhores para as partes mais graves.

4. E, uma vez mais, a tuba em Si bemol é o elo entre as tubas mais agudas e as mais graves.

Mas é, acima de tudo, um esforço de grupo. Todos por um e um por todos! E como classifico o naipe de tubas? Som, som, som!

Temos que nos concentrar no som ao estudar ou praticar

Quando estamos a tocar em banda, temos que ter em atenção à forma como o nosso som e ataque afetam o resto da banda. Se estivermos aborrecidos a tocar determinadas partes de tuba, provavelmente é porque ainda não fomos capazes de descobrir o poder que a linha tuba/graves têm num ensemble.

Vamos tentar que o nosso corpo esteja descontraído ao tocar notas longas. Vamos inspirar muito ar e deixar fluir calmamente pelo instrumento. Vamos também usar vogais diferentes ao expirar, por exemplo, um O grande e um E fino. Vamos utilizar o recurso a um afinador e verificar a afinação quando tocamos de forma diferente.

Façamos uma experiência, vamos tocar uma coisa divertida. O mero ato de produzir um som com uma tuba deve ser algo agradável.

Eirik Gjerdevik

Eirik Gjerdevik é um músico, solista, maestro e instrumentista de renome no universo das bandas de música norueguesas.

Eirik é membro permanente da Band West das Forças Armadas desde 1996. Como solista, atuou na Noruega, Dinamarca (Ilhas Faroé), Roménia, Suíça, Inglaterra, Bulgária e Austrália, e desenvolveu e estreou várias composições para tuba.