Artist Insights com Andy Cattanach

Uma pausa forçada

À medida que avançamos na nossa pausa forçada no que respeita a atuações musicais, por vezes é difícil, especialmente enquanto músicos de tuba, mantermo-nos motivados e em forma (musicalmente!). Embora possamos ter os nossos padrões para praticar em casa, por esta altura é normal já se ter ficado sem ideias e entusiasmo. Pelo menos comigo, passa-se isso...

A tuba não é das melhores companhias durante o confinamento, já que a maioria das pessoas está fechada em casa na maior parte do tempo e a acústica das casas é muito menos adequada a tubas do que à maioria dos outros instrumentos – a menos que se tenha a sorte de se ter espaços amplos com tetos altos. Se o ruído começar a ser um problema sério, talvez seja altura de chegar a acordo com uma sala de ensaios ou igreja local? Por mais desolador que este período possa ser, podemos aproveitar este tempo para nosso benefício, de variadas formas. Aqui ficam algumas ideias que talvez queira experimentar, algumas das quais me ajudaram ao longo dos anos – e agora em especial neste período de pandemia!

Tempo com o instrumento

Todos os minutos a tocar podem ser úteis, por mais esporádico que aconteça. Embora todos gostássemos de poder manter uma prática verdadeiramente herculeana, os nossos familiares e vizinhos certamente não partilham da mesma opinião, especialmente quando estamos todos em casa na maior parte do tempo! Aproveite ao máximo o tempo que pode realmente TOCAR, implementando métodos e objetivos. E sessões mais curtas, mas mais regulares, podem ajudar a evitar queixas de quem partilha o espaço.

O som da nossa "secção de graves" é a base para as nossas bandas, por isso certifique-se de que o instrumento cumpre. O controlo da respiração, algo tão importante ao tocar tuba, perde-se facilmente sem a prática regular. O controlo da respiração torna-se mais difícil mesmo após um curto período de pausa – e é algo que sobressai na acústica infernal das divisões das nossas casas! Não desista e tente obter um som constante em todas as dinâmicas.

Exercícios básicos, que constam nos livros de estudo, são suficientes para manter a articulação e coordenação sob controlo, mas também não tenha receio de percorrer outras músicas. Online, encontra muitas fontes de música e não se limite à música escrita apenas para o seu próprio instrumento musical. Não importa o que toca, ou em que tom, desde que seja para o seu próprio benefício. O Projecto Internacional de Biblioteca de Partituras – International Music Score Library Project (IMSLP)/Biblioteca de Música Petrucci tem muita música sem direitos de autor, incluindo os livros de estudo mais famosos. Pode descarregar partes de tuba de peças famosas, e também encontra muitos solos e duetos, para todos os instrumentos, que servem o propósito. Gostei de vários duetos de trompa francesa de Henry Kling, por exemplo, o que me leva a falar de...

Gravar-se a si mesmo! Sei que já houve imensas "Atuações Virtuais" e a minha banda não é excepção. Embora não seja nada como tocar ao vivo, pelo menos estabelece um objetivo e um prazo. E utilizando a tecnologia que a maioria de nós já tem disponível nos telemóveis ou tablets, não só podemos gravar estas atuações como também usar a tecnologia para nosso próprio benefício. Grave a sua prática e estabeleça objetivos pessoais, para melhorar. Ouvir-se a si próprio pode ser um abrir de olhos! Gravar duetos ou quartetos consigo mesmo ajuda na afinação e no tempo – e faz com que fique com o registo de uma atuação, independentemente de optar por partilhar ou não.

Também podemos aproveitar o facto de termos mais tempo livre para aprender novas competências. Clave de fá, por exemplo? Sei que a maioria dos músicos de metais não precisa da clave de fá nos seus ensaios semanais com a banda, mas é uma grande competência, e é a chave para oportunidades de atuação com outros grupos (Orquestras, Bandas de Sopros, Ensembles de Metais, entre outros) e para explorar mais música a solo.

Aproveitar o tempo

Um dos poucos pontos positivos deste período é a quantidade de material musical agora disponível online. Muitos intérpretes, professores e maestros, que costumam estar inacessíveis para a maioria de nós, fizeram vários webinars, podcasts, atuações e entrevistas, agora disponíveis no YouTube e no Facebook. E se tocam tuba ou não (ou inclusive um instrumento de sopro), é algo simplesmente irrelevante.

Para mim, poder ouvir outros tubistas, como Carol Jantsch ou Sérgio Carolino, mas também músicos de outros instrumentos de sopro, tem sido inspirador. Além de que artistas como os baixistas Leland Sklar, Pino Palledino e Rocco Prestia e os contrabaixistas Rinat Ibragimov e Ray Brown me entretiveram durante horas, a par de conteúdo de muitos outros músicos e maestros. Absorvam o conhecimento e a experiência de todos os que puderem, enquanto temos algum tempo livre!

Brevemente, assim o esperamos, vamos voltar a tocar juntos e este conhecimento partilhado pode ser muito útil!

Andy Cattanach

Andy Cattanach é um tubista de Lancashire que tocou com a grande maioria das principais brass bands do Reino Unido. Tuba principal na Foden's Band, posição que também ocupava anteriormente nas bandas Fairey, Brighouse e Rastrick, Andy é também o tubista na Intrada Brass Ensemble e atua com muitas orquestras e Big Bands locais, tanto a tocar tuba como a tocar trombone baixo.