Aprender Música
Aprender um Instrumento Musical como Ferramenta de Desenvolvimento
Tenho reflectido sobre a forma como tocar um instrumento musical influenciou a minha vida. A minha filha está quase a alcançar a idade que eu tinha quando comecei a tocar violino, por isso ando a analisar os pros e os contras de a direccionar para o mesmo caminho que eu percorri. Lembro-me bem da minha primeira aula de violino: tinha 4 anos e a minha professora estava a ajudar-me a encontrar o ângulo correto para segurar no instrumento. Era tudo muito emocionante, sentia que estava a descobrir um enorme segredo. A minha mãe e a minha irmã já tocavam instrumentos musicais (flauta e violino, respetivamente) e eu também queria pertencer ao grupo. Mas depois veio a prática. Urgh.
O que temos do lado dos pros:
• É excelente para o desenvolvimento do cérebro. Há inúmeras evidências científicas que comprovam que tocar um instrumento musical durante a infância é um exercício benéfico para o desenvolvimento do cérebro. A actividade ajuda a fortalecer a ligação entre o hemisférico esquerdo e o hemisfério direito do cérebro, ou seja, tanto o lado artístico como o da matemática. É algo extremamente positivo, com implicações que vão muito além da música. Não sei bem quais... mas podem obter mais informações através de um neurocientista.
• Pode ser algo muito divertido, com o professor certo.
• Aprender a tocar um instrumento musical permite desenvolver as capacidades motoras, assim como a coordenação – é mais ou menos como esfregar a barriga e tocar na cabeça em simultâneo, mas multipliquem por milhões de vezes.
• Saúde mental e emocional – abre a porta para um mundo de comunicação emocional que vai muito além de qualquer linguagem verbal. O que é especialmente benéfico quando a criança atinge a adolescência. É verdade que se pode ter parte deste sentimento ao ouvir a música de outras pessoas – mas ser capaz de criar ou tocar... é um nível completamente diferente.
• É uma actividade diferente da dos habituais trabalhos de casa, e que para mais é física e mental – e que não envolve ecrãs.
• Traz uma sensação de realização, à medida que se alcançam novas metas.
• Aprende-se a trabalhar com pessoas e a colaborar com outros músicos, em especial quando se toca numa banda ou numa orquestra. Aprende-se a aceitar críticas constructivas sem se ficar ofendido e aprende-se a fazer críticas constructivas sem ofender (isto é especialmente importante e verdadeiro em bandas e orquestras, quando as crianças começam a progredir entre os diferentes níveis e a ter de interpretar a música).
• Aprende-se tanto quando se tem a melodia como quando outra pessoa tem a melodia; quando é o tempo de ser ouvido e quando é o tempo de deixar outro brilhar.
• Requer concentração para “programar” a mente para conseguir dominar uma técnica particular ou uma passagem difícil. É uma competência inestimável, dado que a capacidade de concentração é cada vez menor…
• Ensina pontualidade. Não é nada divertido chegar depois da hora marcada a um ensaio de orquestra. Se se entrar atrasado na sala, os colegas de grupo vão olhar todos ao mesmo tempo e abanar cabeça em reprovação, à medida que retiramos lentamente o violino do estojo. Não é algo divertido.
Contras
• A autodisciplina só aparece mais tarde. De início, são os pais que têm de encorajar e, arrisco-me a dizer, subornar as crianças para incentivar a prática.
• Dinheiro. Há sempre falta de recursos para a música. Hoje em dia, os instrumentos podem ser alugados em vez de comprados e, nos níveis mais avançados, existem bolsas e fundações para ajudar os músicos que não têm as capacidades financeiras necessárias.
• Tempo. É necessário tempo para progredir, tempo para praticar, tempo para as aulas e tempo para participar em grupos musicais. Tempo tanto para as crianças como para os pais.
• Pressão/stress. Pode ser stressante e talvez não seja algo para todos, mas…
Pros
• Evitar o stress não é necessariamente positivo. É bom sair da zona de conforto. E quem sabe não se fica surpreendido e se descobrem novas capacidades? Se não se tentar, nunca se vai saber. Também é um excelente treino para os exames escolares porque, na minha opinião, enfrentar os exames são um desafio muito mais fácil se comparado com o ter de enfrentar uma audiência.
Descobri a minha paixão pela música quando comecei a tocar em orquestras e grupos musicais, em quartetos de cordas. Adorava fazer parte de uma actividade em que o todo era maior que a soma das suas partes – quase como se fosse alquimia. Foi apenas no meu último ano de escola que decidi que queria ser um músico profissional! Fui estudar violino no Royal College of Music e adorei a experiência. Logo de seguida, co-fundei o quarteto de cordas Bond – que assenta no gosto de tocar música, combinando o rigor do mundo clássico com diversão e com o VOLUME INTENSO do mundo pop.
Sobre o autor
Eos Counsell é membro dos Bond há mais de 20 anos. Escreve, grava e faz digressões, repetidamente. Ao longo dos anos, os Bond têm colaborado com os melhores músicos, vocalistas e compositores mundiais. Já viajaram por todo o mundo. “Talvez seja estranho”, diz Eos, “mas os Bond tornaram-se a minha rede de segurança, o meu porto de abrigo, de onde raramento me aventuro sair.”