2as Maiores – à conversa com Nuno Ventura de Sousa

“A música é uma parte absolutamente essencial da pessoa que sou.”

Yamaha: Como foi o teu primeiro contacto com a música?
Nuno Ventura de Sousa: A música é uma parte fundamental da minha vida desde que me lembro. A minha mãe é professora de Educação Musical, o meu pai cantou no Coral de Letras por uns tempos e a minha irmã mais velha estudou piano. Rodeado por música de forma tão intensa desde tão cedo, foi natural o meu fascínio, em particular pelo piano.

Yamaha: Quais são as tuas maiores influências na música?
Nuno Ventura de Sousa: Todos os meus três professores de piano tiveram, de formas diferentes, um impacto no meu crescimento musical tal que, sem um deles, certamente não estaria onde estou hoje: A minha primeira professora Maria José Guedes, com quem estudei no Conservatório de Música do Porto durante 11 anos, foi quem iniciou e incentivou o meu gosto pelo piano, medindo cuidadosamente os desafios que me punha para um desenvolvimento gradual e saudável, e abrindo-me inúmeras portas para poder continuar os meus estudos; O meu professor durante a licenciatura, o maestro Vladimir Viardo, foi quem mais me inspirou musicalmente, ajudando-me a explorar o que é hoje a minha área musical favorita (repertório russo) e puxando-me sempre para lá dos meus limites; e por fim o meu atual professor de Mestrado, o professor Jan Jiracek von Arnim, que me ensina a controlar física, mental e emocionalmente as minhas performances, e ajuda-me a expandir os meus horizontes, ambos musicais e profissionais. Devo a estes fantásticos músicos todos os sucessos que tenho tido e um dia virei a ter.

Yamaha: Que importância tem a música na tua vida?
Nuno Ventura de Sousa: A música é uma parte absolutamente essencial da pessoa que sou.

Yamaha: Fala-nos um pouco dos teus projetos atuais?
Nuno Ventura de Sousa: Neste momento, tenho felizmente alguns recitais marcados, para os quais estou a trabalhar intensamente. Tenho também alguns concursos planeados, que espero ajudarem-me a alcançar uma audiência maior. Tenho como objetivo de longo prazo especializar-me no repertório pianístico dos românticos russos, em particular Nikolai Medtner, mas também Sergei Rachmaninoff, e tocar em público o mais possível.

Yamaha: Qual o significado desta bolsa de estudo da YMFE para ti?
Nuno Ventura de Sousa: Esta bolsa veio trazer-me uma ajuda financeira para continuar os meus estudos com o professor von Arnim, mas também uma confirmação de que estou num bom caminho, através da opinião positiva dos júris responsáveis pela atribuição da bolsa.

Yamaha: Alguma mensagem final os jovens músicos?
Nuno Ventura de Sousa: Apesar de todos os meus professores ao longo o meu percurso académico serem muito diferentes entre si, com escolas diferentes, backgrounds diferentes e metodologias diferentes, todos me transmitiram uma filosofia comum, que eu acho provavelmente o conceito mais importante a ter em mente, seja durante qualquer performance em particular como durante todo o percurso musical em geral: ser-se honesto. Qualquer melodia, harmonia, crescendo, acento, rubato, tudo tem que ser sincero para poder ter o impacto que nós queiramos que tenha, não só no público como em nós próprios. Já ouvi suficientes diferentes opiniões e diferentes interpretações de diferentes músicos conceituados e igualmente extraordinários para perceber que isto é muito mais subjetivo do que geralmente se dá a entender. Consequentemente, nunca se vai agradar 100% a todos, mas o que vai certamente agradar mais ao maior número de pessoas, incluindo ao performer em si, é a sinceridade da interpretação. É, não só aprender, estudar e perceber, mas também acreditar no que se faz. Acrescenta um grau de personalidade e individualidade à interpretação que, na minha opinião, torna-a mais emocionante, e toca mais profundamente os membros do público, e é para mim a razão pela qual a música existe em primeiro lugar.