#2asMaiores – à conversa com João Cunha
YAMAHA: Como foi o teu primeiro contacto com a música?
JOÃO CUNHA: A minha primeira ligação à música foi muito cedo, tinha menos de cinco anos e não sei precisar quando e de que forma mas lembro-me bem de estar sempre muito atento à música que ouvia e via. Mas foi por volta dos 7, 8 anos que comecei a estudar música. O meu Pai decidiu inscrever-me numa pequena escola mas muito boa, que havia em Paredes. Comecei a estudar piano mas não era um aluno muito aplicado. Quando passou a haver a percussão e bateria, eu decididamente quis mudar de instrumento, e aí tinha toda a vontade de tocar mais e mais. A partir daí não houve dúvidas, era mesmo aquilo que queria fazer a sério e não colocava em hipótese mais nada.
YAMAHA: Quais são as tuas maiores influências na música?
JOÃO CUNHA: Essa pergunta é das mais difíceis de responder. Eu gosto de tudo e mais alguma coisa que considero bom e que me desperte a atenção, independentemente do estilo ou época musical. Da música erudita gosto bastante de Mozart, Beethoven, Stravinsky, Steve Reich e John Cage entre outros compositores. Cresci a ouvir pop, rock, grunge, música inglesa, musica brasileira, e depois descobri o jazz, que foi o que mais me despertou a curiosidade. Dessa forma e por essa ordem posso enumerar: Dire Straits, Beatles, Police, Nirvana, Jamiroquai, Incognito, Sting, António Carlos Jobim, Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Miles Davis, John Coltrane, Herbie Hancock, Keith Jarrett, Jaco Pastorius, entre muitos outros, mas estes devem ter sido aqueles que passei mais tempo a ouvir. Os baterista são bastantes: Ringo Starr, Stewart Copeland, Dave Grohl, Derrick McKenzie, Vinnie Colaiuta, Steve Gadd, Peter Erskine, Philly Joe Jones, Elvin Jones, Mel Lewis, Tony Williams, Jordi Rossy, Bill Stewart, Brian Blade, Eric Harland, Steve Jordan, Larnell Lewis, entre outros.
YAMAHA: Que importância tem a música na tua vida?
JOÃO CUNHA: A música tem importância fundamental na minha vida. Dedico-lhe a maior parte do tempo e normalmente não há um dia que passe em que não esteja a dedicar-me a ela, seja a tocar ou a dar aulas. Além de ser o que me cativa mais dá-me também uma agradável sensação de bem estar, que é difícil conseguir com outra atividade. Foi por esse sentimento que desde cedo decidi que queria ser músico. Mas para conseguir atingir essa sensação no instrumento não é muito fácil. Preciso de dedicar bastantes horas a praticar, a ouvir, em ensaios, e também a preparar-me fisicamente para me sentir capaz. No caso da bateria, é um instrumento muito físico, que exige muito do corpo, muito equilíbrio, coordenação, uma postura adequada, e por isso convém estar em forma para o corpo responder e não haver lesões.
YAMAHA: Fala-nos um pouco dos teus projetos atuais?
JOÃO CUNHA: Considero-me um músico versátil, pelo gosto diversificado e consequentemente pela minha formação na música. Dessa forma sempre tentei tocar em projetos muitos diferentes. Por essa razão também não estou apenas associado a um único artista ou banda.
Costumo tocar com alguma regularidade em Big Band e nos últimos meses tenho tocado com a Orquestra de Jazz de Matosinhos no projeto com a Manuela Azevedo, também com a Orquestra de Jazz da Escola Profissional de Música de Espinho. No primeiro é um projeto de temas mais virados para o Rock embora muito distintos; no segundo é uma orquestra que percorre mais o repertório tradicional de Jazz de uma Big Band, de várias épocas. À parte da música de Big Band, toco também em pequenas formações de Jazz e Música Brasileira, como é o caso do pianista André Sarbib, um músico incrível com quem tenho o privilégio de tocar já há vários anos e ter gravado alguns discos; o óptimo organista Manuel Beleza, que têm um trio tradicional de Jazz que interpreta temas originais dele e do saxofonista Mário Santos; o guitarrista Brasileiro Cláudio César Ribeiro que acabou de gravar um disco de originais com o nome "Casa Nova".
Tenho também tido o privilégio de participar em dois grupos distintos com o Kiko Pereira, uma referência a nível vocal em Portugal, um projeto de um quarteto de Jazz a tocar temas dos anos 80, chamado "Kite", e outro projeto de Blues "Iron Fist", ambos com excelentes músicos. Talvez haja algum registo em disco destes projetos para breve. No campo da percussão, tenho integrado o novo projeto do Rui Massena - "Band", que é uma junção de vários músicos, e de instrumentos invulgares, destinado à criação e transformação dos sons e dos temas do Rui para esta formação específica. Já há várias datas marcadas, pelo que vamos estar pelo país a apresentar este trabalho. Toco também regularmente com Drumming - grupo de percussão, que é uma formação que se dedica sobretudo à música contemporânea para percussão; e com o Remix Ensemble que é o grupo de câmara de música contemporânea da Casa da Música no Porto. Esta é a formação de referência nesta área em Portugal e também com uma enorme reputação na Europa, fazendo frequentemente apresentações pelas melhores salas e festivais do género, Europeus. Para os próximos meses serão estes os projetos, depois logo se verá.
YAMAHA: Podes falar-nos um pouco sobre o material que estás a usar e porque escolheste Yamaha?
JOÃO CUNHA: A primeira vez que toquei numa bateria Yamaha senti logo um grande impacto ao nível do som e da consistência, foi já há mais de vinte anos e esse momento ficou-me na memória. Depois experimentei várias baterias mas nunca nenhuma me deixou convencido. O som da Yamaha sempre foi o que mais gostei, tanto de tocar como de ouvir nos discos. Não é por acaso que é a bateria mais gravada, em vários estilos musicais totalmente diferentes. O som das baterias é controlado, fácil de afinar, soa sempre bem e adapta-se a qualquer afinação e a qualquer estilo. Além da questão sonora, todo o material é muito bem construído, resistente e pensado para ser prático e fácil de usar. Por todas estas questões, sempre quis tocar com Yamaha. Estou muito grato por poder ser um artista Yamaha. Também acho notável a forma como a marca se dedica a criar, construir e a aperfeiçoar os instrumentos para que os músicos se sintam bem e se expressem da melhor forma. É uma filosofia que não é apenas consumista mas que pretende que as pessoas desfrutem quando toquem um instrumento e é essa será provavelmente a razão pela qual um músico se interessa por tocar. Sobre o material que uso, escolhi a Absolute Hybrid Maple por ser uma bateria versátil, com um som quente e ressonante da madeira de ácer mas com mais projeção com a tecnologia hybrid. Têm os novos pontos de afinação que permite trocar uma pele rapidamente, e todos os aros são die-cast. As medidas que uso permitem tocar diferentes géneros musicais e combino-as conforme a necessidade.
As tarolas que uso também me garantem diferentes opções e cores para diferentes situações, seja para tocar num espaço pequeno fechado ou no exterior, tocar mais baixo ou bem alto e com afinações agudas ou graves. Combino-as também com diferentes peles e aros para diferentes sonoridades. As ferragens são na minha opinião igualmente as melhores, com possibilidade de memorização nos suportes para ser fácil e rápido a montagem. Os pedais são excelentes, bastante leves com uma rápida resposta, proporcionando uma afinação ao pormenor, com as placas dos pedais sem grande relevo para o pé deslizar facilmente. Nada foi deixado ao acaso. O material electrónico que tenho vindo a adicionar ao kit, uso para explorar diferentes sonoridades e para juntar a certos projetos mais experimentais. O material da Protection Racket segue a mesma linha, são na minha opinião os melhores sacos do mercado. São muito bem construídos e robustos. Aconselho mesmo o saco para as ferragens com as rodas de skate e o drum mat.
YAMAHA: Alguma mensagem final os jovens músicos?
JOÃO CUNHA: Alguns conselhos que poderia deixar aos jovem músicos seria para que: aprendam música para desfrutarem, que lutem pelos sonhos e que possam ser bem orientados por com quem mais se identifiquem; que estejam também conscientes de que a vida de um músico profissional não é muito fácil, por vezes pode ser muito instável. Também acho igualmente importante que os músicos valorizem a atividade, que não desvalorizem o que fazem nem que se prestem a tocar de qualquer forma, todo o investimento de vários ano na formação e em material deve ser devidamente valorizado, assim como o facto de que a música e o mercado devia proporcionar sustentabilidade a um artista. Acho que nesse campo o nosso país está muito distante de outros mercados musicais. Acho que sociedade devia dar mais valor à música e aos músicos, não só aos que estão na moda no momento.
João Cunha utiliza
Bateria Yamaha Absolute Hybrid Maple Tarola Yamaha Roy Haynes Tarola Yamaha Recording Custom Stainless Steel Bateria Yamaha DTXM12 Triggers Yamaha DT50S e DT50K Hardware Yamaha Estojos de bateria Protection Racket
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